A patela (rótula) é um dos ossos que forma o joelho e que está localizado na sua parte da frente. Ela tem como uma de suas principais funções, facilitar o trabalho que a musculatura da coxa tem para esticar o joelho. Além disso, a patela é o maior osso sesamoide do corpo humano, e tem a cartilagem mais grossa (espessa) dentre todas as nossas articulações, chegando a cerca de 7 milímetros de espessura.
Chamamos de instabilidade o quadro que leva à luxação da patela. Uma luxação, nada mais é do que a saída de um osso de seu lugar normal, em que existe a perda do contato entre dois ou mais ossos em uma articulação. No caso da patela, a luxação ocorre quando o contato normal entre a cartilagem da patela e do fêmur são perdidos. Na verdade, normalmente este contato não existe quando estamos com o joelho esticado, mas ao começarmos a dobrar o joelho, o que se espera é que a patela se “encaixe” no fêmur (na porção que chamamos de tróclea) e percorra esse caminho, conforme este joelho vai sendo dobrado.
(Figura 1)
A luxação da patela ocorre quando, ao iniciar este movimento de dobrar o joelho, ela “sai do trilho” e passa a percorrer um caminho por fora da cartilagem do fêmur. Isso pode acontecer em atividades de prática esportiva, em atividades da vida diária ou mesmo em um episódio traumático do joelho. A luxação da patela pode ser causa de dor e inchaço do joelho, trazendo medo ao paciente em realizar movimentos normais por receio de sentir dor ou apresentar novas luxações (cinesiofobia). Isso leva a limitações de funções da vida diária, como para descer ou subir escadas, ou ainda para se agachar.
A suspeita de uma luxação da patela deve ser conduzida como uma urgência, sendo recomendada a procura direta de um ortopedista no Pronto Socorro. Mesmo se a patela já tiver sido reduzida (retornada para seu lugar normal no joelho), é importante buscar o auxílio de um médico especialista, que fará uma avaliação pormenorizada da lesão aguda, buscando excluir a presença de fraturas ou outras complicações que necessitem de tratamento cirúrgico.
De modo geral, excluídas as causas de cirurgias de urgência (como por exemplo fraturas), o tratamento após o primeiro episódio de luxação da patela é não-cirúrgico. Neste caso, o enfoque é no controle da dor e do inchaço que surgirão após o quadro agudo. Normalmente utilizamos de algum tipo de imobilização no joelho, como esparadrapagens, enfaixamentos ou mesmo imobilização com gesso que são mantidas por até quatro a seis semanas em alguns casos. Além disso, é essencial a realização de Fisioterapia, com ênfase no fortalecimento muscular da coxa, de quadril e abdome.
Ainda que o tratamento não-operatório após um episódio de luxação da patela tenha bons resultados, sabemos que alguns pacientes possuem um risco aumentado para apresentar novas luxações: a chamada instabilidade patelar recorrente. Para estes casos, o médico irá buscar quais os fatores daquele joelho que estão alterados e aumentam a chance de recorrência, para abordá-los de maneira cirúrgica e evitar que a instabilidade da patela volte a ocorrer.
(Figura 2)